28/06/2019: Observatório da televisão - Totia Meireles aprova final de Mercedes em Verão 90: “Acho que é bem merecido”
Mercedes (Totia Meireles) em Verão 90 (Reprodução/TV Globo).
Está cada vez mais próximo
o momento em que o público verá o final de Mercedes Ferreira Lima na
novela Verão 90. Interpretada por Totia
Meireles, a vilã perderá toda a fortuna e passará a ser vendedora ambulante
para conseguir sobreviver.
O golpe
acontecerá após a “rainha da noite” entregar seu
patrimônio nas mãos do golpista Andreas Moratti,
criado por Galdino (Gabriel Godoy).
Falida, Mercedes ainda receberá uma proposta do trambiqueiro, que está realmente
apaixonado por ela, para viver na região de
Guarapari. No entanto, a megera não aceitará.
Em entrevista ao Observatório
da Televisão, Totia Meireles aprovou o desfecho da trama de sua
personagem, que já viu o ex-marido Quinzão (Alexandre Borges) assumindo romance
com Lidiane (Cláudia Raia).
A atriz também
comentou sobre as maldades de Mercedes ao longo da trama e destacou o carinho
do público pelo seu trabalho. Totia ainda revelou que se inspirou na veterana
Marília Pêra no processo da criação gestual de sua personagem. Confira a
seguir:
O sucesso de Mercedes
O
que você mais gostou em interpretar a Mercedes Ferreira Lima? Você conseguiu
fazer dela uma vilã inesquecível?
“É difícil falar que conseguiu o
objetivo, porque a gente está sempre correndo atrás. Na gravação da última
cena, eu perguntei como seria ela nessa última cena. Eu acho que foi um
trabalho bacana. Uma coisa que eu pensei logo no início para a Mercedes foi
imprimir a personalidade dela no olhar. Eu acho que a gente conseguiu chegar no
cabelo, nas joias, na roupa, na postura dela. Isso funcionou bastante. Só de
olhar para aquela mulher, você já percebe que tem alguma coisa por trás. Então
eu acho que isso eu consegui. Eu me diverti muito! O que eu mais gostei da
Mercedes? Foi a maldade, muito bom [risos].”
O que você mais ouviu do público durante o período da novela?
“Uma
coisa muito engraçada é que a vilã tem uma empatia muito grande com o público.
O que eu ouvia era que eu era má, mas todo mundo adorava ver a Mercedes. Eu
acho que todo mundo queria ver o que ela ia fazer, até que ponto ela poderia
chegar. Isso foi bem legal! As pessoas queriam ver a Mercedes, não importa
fazendo o que [risos].”
A separação dos “reis da noite”
Agora na reta final da novela, o Quinzão decidiu se separar da
Mercedes para viver com Lidiane. O que você achou dessa decisão?
“Pois
é, o Quinzão se separou. Mas já estava marcado que eles iam se separar. Isso eu
já esperava, mas é sempre ruim. Eu acho que é um casal que imprimiu uma
identidade. Foi muito definido o papel de cada um dentro da relação deles e, agora,
essa relação foi por água abaixo. Tem tantas surpresas para acontecer com esses
dois [risos]. Então eu não quero nem dar spoiler. Mas foi
legal a separação dos dois. Eu achei produtivo tanto para ele quanto para ela.”
O destino de Mercedes
A Mercedes vai perder toda a fortuna e virar vendedora ambulante
no final de Verão 90. O que você achou desse final? Ela merece esse destino?
“Eu
acho que tudo de ruim que acontece com a Mercedes ainda é pouco, diante de tudo
que ela fez. Eu não posso defender uma mulher assim, não tem defesa. Eu acho
que ela vai passar por poucas e boas. O Andreas Moratti está chegando para
destruir com ela. Por outro lado, vão acontecer coisas interessantes nessa
relação. Mas o final que ela vai ter, eu acho que é bem merecido. Mercedes
vai ter um final bem interessante.”
Você daria outro final para Mercedes?
“Eu
queria que ela terminasse com os vilões unidos, com o Jerônimo, a Vanessa. O
Galdino convida ela para viver com ele em Guarapari, com o dinheiro que roubou
dela. Mas ela não termina com os vilões, infelizmente.”
A vilania da personagem
Apesar de ser uma vilã, a Mercedes está inserida na proposta do
universo cômico da novela. Você conseguir criar um ambiente mais dramático
durante as cenas dessa personagem?
“É
uma vilã de novela das sete, então é uma outra tinta. Eu acho que era uma vilã
de histórias em quadrinhos. A gente fica com raiva, mas a gente acha graça. Uma
pessoa me falou uma coisa muito interessante dessa novela e depois eu parei
para pensar: todos os vilões dessa novela sempre se dão mal. Eles fazem
maldades, se tão bem na hora. Mas, daqui a dois minutos, eles se dão mal. A
Mercedes também. Ela fez o que fez, mas perdeu o marido, os filhos se
afastaram, vai perder a grana. Ela não perde a postura, mas está sempre se
dando mal. Eu acho que isso tem uma coisa de cômico. Não é aquele vilão que
fica fazendo maldade a novela inteira e no último capítulo se dá mal. A gente
está se dando mal a novela inteira [risos].”
A Lidiane vai tentar consolar a Mercedes quando descobre o golpe
que ela sofreu. Você acredita que essa vilã tem um pouco de empatia dentro
dela?
“Quem
tem bom coração sempre quer ver o vilão se dar mal. Mas quem tem um bom
coração, quando ver uma pessoa sofrendo, também fala que é coitada. Então eu
acho que é isso, fora o carisma que a Mercedes tem. Apesar de ser uma vilã, a
personagem tem um carisma e isso leva a ter um pouquinho de pena dela. Eu fico
morrendo de pena dela [risos].”
A construção da
personagem
A Mercedes é uma vilã bastante colorida, cheia de acessórios e
gestual. Como você trabalhou para ela não cair na caricatura?
“A
direção dá um caminho para seguir. Eu acho também que o texto dá, não precisa
sublinhar cada coisa do texto. Nos gestos, eu estudei muito Marília Pêra em
Brega & Chique (1987). Tem umas coisas que eu peguei para a Mercedes que
era da Marília. A Marília sempre falava assim no personagem dela: ‘pois é! Não
é, Alexandre?’. Ela dava uma pausa e acaba de falar. Então eu peguei isso porque
achava ótimo. Eu fui buscando coisinhas e ainda bem que não cai na caricatura.
Toda vez que eu falo e penso na Mercedes é com ela falando de verdade. É a
verdade dentro da mãozinha, que ela sempre tem na testa. Ela é sempre muito
estudadinha. Eu tentei deixar isso natural.”
Você gostou
dos figurinos da personagem?
“Eu
acho que o ponto alto dela eram as joias e os figurinos. É muito diferente de
mim. Eu sou toda largada, despojada, muito diferente da Mercedes. Então é bom
vestir uma coisa totalmente diferente de você. Eu me sentia realmente a
Mercedes quando vestia os figurinos. Eu adorei, achei muito elegante.”
Cena com Dandara
Mariana
A cena em que a Mercedes pede para a Dandara (Dandara Mariana)
alisar o cabelo foi bem repercutida, principalmente pela a atuação. Como foi
gravar esse momento?
“Eu
não posso ter puder quando faço a Mercedes. Eu não posso medir palavras. Então
eu falo exatamente o que vem escrito [no roteiro] porque ela é assim. Não pode
ser a Totia falando, eu tenho que vestir o papel da personagem. Eu já falei
coisas absurdas! Uma coisa que eu aprendi com ela, é que não posso ter pudor
mesmo em falar os absurdos, mandar a Dandara alisar o cabelo. Mandar uma rainha
da lambada vestir uma roupinha bege e comprida.”
Análise da trama e
novos projetos
O que você leva de Verão 90 para a sua carreira?
“Verão
90 para mim foi uma diversão e alegria. Nossa coxia era muito boa! Nunca tinha
trabalhado com o Alexandre, então a companhia dele foi maravilhosa. A gente se
deu superbem. Os meus filhos, Débora [Nascimento – Gisela], Caio [Paduan –
Quinzinho]. A minha primeira novela foi com direção do Jorginho [Fernando], em
‘Que Rei Sou Eu’, então voltei a trabalhar com ele. Eu acho que essa novela
cumpriu o dever dela que foi divertir as pessoas. As maldades de todos os
vilões eram engraçadas. Era uma novela para você sentar, rir e se distrair. Ela
é muito colorida! Então eu fico feliz de ter passado isso para o público, um
momento de relax. Eu acho que esse é o intuito de uma novela das sete: mais do
que educar, é entreter.
Já tem
projetos confirmados após o término da novela?
“Vou
estrear, dia 19 de julho, ‘Pippin’ no Teatro FFAP, em São Paulo. Tenho, mais
não posso falar. Me proibiram porque eu sou muito bocuda, vou falando [risos].
Vai ter uma coletiva para lançar esse novo projeto. Mas tenho um novo projeto
de televisão vindo aqui [na Globo].”
Nostalgia
Qual a sua
maior saudade dos anos 90?
“Saudades
eu não tenho muitas. A única saudade que eu tenho é dessa coisa do celular e
internet, muito chato hoje em dia. Todo mundo tem uma verdade, todo mundo tem
que dar uma opinião sobre absolutamente tudo. Se você está em um grupo e não
responde, você não está participando. É um saco! Nos anos 90 não tinha isso. Eu
casei em 91, acho que sou a mais velha da novela. Eu vivi o que estou vivendo
agora, foi o meu tempo. Então é isso, a individualidade que tínhamos e que não
temos hoje com essa coisa da internet.”
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