Quando o elenco de Pippin
se encontrou, na tarde de ensaios, com exceção da produção, quase
ninguém sabia os nomes que estavam na lista. Guardados a “sete chaves”,
Felipe de Carolis (Pippin), Totia Meireles (Mestre de Cerimônias),
Nicette Bruno (Bertha), Guilherme Logullo (Lewis), Cris Pompeo
(Catharina), Adriana Garambone (Fastrada) e Luis Felipe Mello (Theo)
estão na nova montagem da dupla Möeller e Botelho para o clássico
musical da Broadway.
Originalmente escrito por Stephen Schwartz e dirigido por Bob Fosse,
"Pippin" estreou em 1972 e apresenta a fábula do filho mais velho do rei
Carlos Magno (que será interpretado por Jonas Bloch) envolto na
premissa básica do autoconhecimento humano. Acumulando cinco Tony Awards
na chegada, o espetáculo ganhou diversas remontagens pelo mundo. Por
aqui, a versão assinada pelo (até então iniciante) Flávio Rangel, e com
nomes como Marco Nanini e Marília Pêra no elenco principal, inaugurou o
Teatro Adolpho Bloch (Rio de Janeiro) no inverno de 74.
Totia Meireles, na época com 15 anos, nem imaginava ser atriz e saiu
impressionada com as luvas brancas dos garçons no foyer do teatro e com o
primeiro musical que assistiu na vida: “Lembro do Nanini sentado num banco, antes de ir para a guerra, errando propositalmente a coreografia assim (faz movimentos com as mãos e as pernas) e eu rolava de rir”, relembra a atriz que vai dar vida à Mestre de Cerimônias, papel que rendeu o Tony Awards de melhor atriz em musical a Patina Miller, na remontagem da companhia American Repertory Theatre, em 2013.
Foi depois de assistirem a esse revival em Nova Iorque que Charles Möeller e Claudio Botelho
decidiram comprar os direitos da obra. Anos depois, em dezembro de
2016, Felipe de Carolis estava na capital americana e ficou sabendo por
telefone que faria o papel que leva o nome da peça: “Tenho uma
relação de gratidão muito grande por eles, foram um dos primeiros que
acreditaram no meu trabalho e me incentivaram a continuar”, conta o
ator que chegou a ser proibido pelo pai de fazer teatro e que foi
revelado nos palcos através da adaptação da dupla para o clássico texto
do alemão Frank Wedekind, “O Despertar da Primavera”.
Para Felipe, num momento em que “as pessoas não olham mais pra dentro, só para fora e para mostrar o que elas não são”,
retomar a história do anti-herói é fundamental. Nicette Bruno, a Bertha
na versão brasileira, corrobora a opinião do parceiro de cena e
acredita que o pano de fundo do musical é o sentido mais amplo do
teatro: “a busca incessante pela vivência do ser sem qualquer tipo de julgamentos”.
Nos bastidores Nicette parece incansável: cumprindo o elogiado
cronograma de Tina Salles (que assina a coordenação artística), a atriz
de 85 anos sai da sala onde ensaia com o coro, entra numa outra para
tirar as medidas com a equipe de figurino e combina com o “neto” De
Carolis de ensaiar o texto assim que possível: “Sei que você está em
quase todas as cenas, mas se tiver um tempinho, vamos passar algumas
delas e sugerir umas ideias para o Charles e o Claudio?”, comenta.
Os onze cantores e bailarinos que compõem a trupe, elemento fundamental
na história, foram selecionados entre 400 nomes que participaram de dois
dias de audições. Durante o ensaio de “Magic to Do”, número que abre o
espetáculo, enquanto o coreógrafo Alonso Barros pede para que eles “sintam a força do grupo”,
o diretor musical Jules Vandystadt elogia a maturidade da equipe e
adianta que o repertório está quase completo: até agora só saiu uma
música, mas ele prefere não revelar o nome. A adaptação brasileira deve
seguir a última remontagem da Broadway e encerrar o primeiro ato com
“Morning Glow”. Mas ainda não há definições para o final: se será
estendido como na reconstrução de Diane Paulus e se ouviremos a música
de abertura no fim do segundo ato também.
Quem também ficou impressionado com o profissionalismo dos nomes que
tentaram lugar no bando de "Pippin" foi o ator Guilherme Logullo, que
fará o egocêntrico Lewis, irmão do protagonista. Dividindo-se na ponte
aérea (ele segue até o fim deste mês com o seu elogiado Paulo Pontes na
temporada paulistana de “Bibi - A Musical”) e os ensaios da nova peça no
Rio, Logullo conseguiu tempo para acompanhar as audições: “Quando
comecei a fazer musicais não existiam escolas especializadas, hoje há
uma nova safra de atores muito talentosos e completos”, elogia o bailarino formado pela London Studio Centre.
Acumulando alguns musicais (“We Will Rock You” e “Rocky Horror Show”) e
dramas libaneses elogiados (“Incêndios” e “Céus”) em sua trajetória,
Felipe de Carolis defende a pluralidade da cena teatral que se auto
produz. E embora reconheça a importância das franquias (espetáculos
importados que replicam uma espécie de cartilha), admite que não
encontrou seu lugar no formato: “Não sei fazer igual ao que uma
pessoa fez há dez anos, imitar a tônica da palavra como é em inglês, tem
muita gente fazendo muito bem, admiro de verdade”, comenta o ator que desde 2013 passou a co-produzir todos os espetáculos em que participa.
O protagonista assume o chapéu de produtor associado da peça e
aproveita para comentar sobre o investimento em montagens importadas: “As
empresas priorizam o apoio às franquias e isso precisa ser melhor
equilibrado. A qualidade artística brasileira é maravilhosa, nós
precisamos rever essa cultura do patrocínio concentrado”, reforça.
Para Guilherme Logullo que fez musicais como “Chicago” e “Priscilla -
Rainha do Deserto”, onde quase toda a equipe era de outras
nacionalidades, a experiência e troca sempre foram muito válidas.
Entretanto, ele também tem adorado viver personagens em espetáculos que
contam a história do Brasil nos últimos anos. Jules Vandystadt aposta
que em agosto “o circo do Charles será mais brasileiro do que nunca”.
MONTAGEM HISTÓRICA
Em junho de 1974 “Pippin” chegou ao Brasil. Com vista para a Praia do
Flamengo, Marco Nanini, Marília Pêra, Carlos Kroeber, Ariclê Perez, Tetê
Medina, Sandra Pêra, Ronaldo Resedá, Maria Sampaio e Miriam Müller
pisavam no palco do teatro projetado por Oscar Niemeyer, capitaneados
por Flávio Rangel. Vale destacar que Marília Pêra foi a primeira atriz
no mundo a viver a personagem de Líder da Trupe / Mestre de Cerimônias:
papel interpretado historicamente por homens. E depois de ser
substituída por Suely Franco na adaptação brasileira, o fato só se
repetiu quase 40 anos depois na remontagem da Broadway.
Outro fato curioso: o musical foi uma das inspirações para a primeira abertura do Fantástico - O Show da Vida. De acordo com o Memória Globo, Boni assistiu à peça na época e ficou encantado com o que viu, sobretudo com os figurinos.
PIPPIN estreia em agosto no Teatro Clara Nunes
Felipe de Carolis é PippinJonas Bloch é Carlos Magno
Totia Meireles é a Mestre de Cerimônias
Adriana Garambone é Fastrada
Cris Pompeo é Catharina
Nicette Bruno é Bertha
Guilherme Logullo é Lewis
Luis Felipe Mello é Theo
Totia Meireles é a Mestre de Cerimônias
Adriana Garambone é Fastrada
Cris Pompeo é Catharina
Nicette Bruno é Bertha
Guilherme Logullo é Lewis
Luis Felipe Mello é Theo
TRUPE:
Analu Pimenta, Bel Lima, Rodrigo Cirne, Sérgio Dalcin, João Felipe
Saldanha, Bruna Rocha, Victoria Aguilera, Jessica Amendola, Daniel Lack,
Paulo Vitor, Flavio Rocha
Direção e Coreografia original: Bob Fosse
Música e Letra: Stephen Schwartz
Libreto: Roger O. Hirson
Direção: Charles Möeller
Versão Brasileira: Claudio Botelho
Coreografia: Alonso Barros
Direção Musical: Jules Vandystadt
Coordenação Artística: Tina Salles
Direção de Produção: Carla Reis
Produção de Elenco: Marcela Altberg
Música e Letra: Stephen Schwartz
Libreto: Roger O. Hirson
Direção: Charles Möeller
Versão Brasileira: Claudio Botelho
Coreografia: Alonso Barros
Direção Musical: Jules Vandystadt
Coordenação Artística: Tina Salles
Direção de Produção: Carla Reis
Produção de Elenco: Marcela Altberg
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