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Entrevista:A Vez de Totia!

“Alguns têm brilho. Outros não! Será que eu tenho? Teeeeeeemmm!”
Mama Rose, do musical ‘Gypsy‘, é um desses personagens sagrados da dramaturgia. É muitas vezes comparado a Rei Lear, de Shakespeare, mas também poderíamos lembrar  grandes personagens femininas: Lady MacBeth, Bernarda Alba, Blanche DuBois… Certamente há um pouco delas em Rose, o que a faz tão especial.
Para interpretá-la não basta só atuar e cantar bem. É preciso se entregar de corpo e alma. E Totia Meirelesnão fez por menos. Se preparou por mais de um ano para o espetáculo: ‘Se você não se doar por completo, ela não funciona’.
O resultado dessa entrega está se refletindo no sucesso de público e crítica que ‘Gypsy’ e a performance de Totia têm conquistado.  “É o papel da vida dela”, disse a diva Marília Pêra ao final da estreia de ‘Gypsy’. “Totia Meireles é uma Mama Rose que lança, tal como a personagem, a vontade de ocupar cada tábua do palco, em atuação de ressonância vibrante“, disse o crítico Macksen Luiz, do Jornal do Brasil. “A Rose de Totia Meireles combina sedução e desvario, explora soluções magistrais para a contracena, o canto e a dança, comove, diverte e surpreende, é um furacão teatral varrendo o palco e a alma do público. O seu Rose’s Turn, no final, é um turbilhão de humanidade”, escreveu a crítica Tânia Brandão em O Globo. “Sua entrega ao personagem é contagiante. Poucas atrizes seriam capazes de fazer Mamma Rose no Brasil”, elogiou o jornalista Artur Xexéo, editor do Segundo Caderno de O Globo.
Totia Meireles recebeu o Site Möeller & Botelho em seu camarim, enquanto começava a se maquiar para o espetáculo. No nosso bate-papo, ela fala sobre o processo de composição de Mama Rose, sobre seu reencontro com a dupla Möeller & Botelho e sobre o sucesso da personagem, entre outros assuntos.
O diretor Charles Möeller frequentemente compara o elenco de ‘Gypsy’ a atletas de elite. Vocês atuam, cantam, dançam em um espetáculo de três horas. Como você particularmente se preparou para ‘Gypsy’?
Eu sabia que  a personagem era uma coisa grande e que eu tinha que ter um preparo. Eu comecei a fazer corrida e aumentei a musculação para ter fôlego para fazer o espetáculo. Só que uma coisa é você achar e outra é você executar. Quando eu comecei a fazer, vi que realmente é muito puxado. No início dos ensaios, eu comecei a dar tudo de mim, 100% de mim em cada cena. Quando a gente fez o primeiro ‘corrido’, no final da música eu estava esbaforida. Aí pensei: ‘se na primeira música eu to assim, não vou conseguir chegar no final’. Depois o seu corpo vai se adaptando às ‘forçações de barra’ dos ensaios, que pra mim são mais puxados que a peça em si. Eu vim bem preparada para os dois meses de ensaio. Hoje em dia o que mais me preocupa não é o fôlego, mas o cansaço vocal. Não o de cantar, mas o de falar. Por mais que eu tenha me preparado fazendo um ano de aula de canto com a Ester Elias, nunca é igual ao que eu faço em cena. E voz é músculo… espero que daqui a pouco eu acostume (risos). Eu tenho que ter um descanso vocal. É bem puxado, pois estamos fazendo espetáculo de quarta a domingo. Só descanso segunda e terça. Mas pelo menos estou acabando o domingo ainda com voz (risos). A minha vitória é fazer essa personagem que fala pra caramba, canta pra caramba em três horas de peça e conseguir chegar no fim do domingo com voz. Essa é a minha grande vitória! (risos).
Foto: Robert Schwenck
Como foi essa sua preparação vocal durante todo o ano passado?
O Claudio me disse: ‘Totia, se você chegar com as músicas prontas, vai ser um adianto pra sua vida e pra nossa também’.  Então ele fez as versões um ano antes e me entregou. Eu comecei a estudar e a fazer aula de canto já com as versões. Claro que depois ele mudou muita coisa, mas foram apenas palavras. Quando os ensaios começaram, eu já sabia todas as letras de cor e isso foi realmente um grande adianto porque eu tinha muito texto para decorar em muito pouco tempo. O texto ainda não existia até então.  Nessas aulas de canto com a Ester, eu estava cantando fora do meu tom. Eu só tive o meu tom um pouquinho antes de começar os ensaios. O tom estava até então mais alto do que eu canto. Aí eu ficava achando que não ia conseguir, entrava em crise de cinco em cinco minutos (risos).
Gypsy marca também seu reencontro com Charles e Claudio, com quem você já havia trabalhado antes em ‘Company’ e ‘Cristal Bacharach’…
Quando eu fiz ‘Company’, o Claudio me disse todo sem graça: ‘Totia, tenho uma peça que eu quero que você faça, mas você vai ter que fazer teste’ porque o tom das músicas não poderia ser mudado. Tinha que ser no original. Eu disse: ‘Claudio, eu faço qualquer coisa’ (risos). Aí eu cantei, passei no teste e fiz ‘Company’ com eles.Depois, em ‘Cristal Bacharach’, eu estava fazendo os ‘Monólogos da Vagina’ havia dois anos e meio, viajando todo o país. Eu amava fazer, mas estava louca para fazer um musical, pra cantar, pra dançar…
Aí os meninos me chamaram e eu larguei tudo pra fazer o ‘Cristal Bacharach’, que eu nem sabia o que era. Quando o elenco todo chegou para a primeira leitura no palco, eu vi que eu era a protagonista. Eu nem sabia! Foi uma surpresa muito boa. Eu falei: ‘gente, eu sou a protagonista?’, aí o Charles: ‘Claro! Eu escrevi a Laura N pensando em você!’ Foi divertidíssimo e estava cercada de amigos.
Quando o Claudio e o Charles me chamaram para fazer ‘Gypsy’, eu falei: ‘vocês tão loucos’, pois eu já tinha visto com a Bernadette Peters na Broadway. Perguntei: ‘Têm certeza?’ E eles: ‘Claro, você vai fazer super bem’. Aí eu me achei muito chique! (risos) e quando soube que a Adriana (Garambone) não pestanejou, achei mais chique ainda! Isso tem três anos. Na época a Adriana estava em uma novela e não poderia fazer. Depois eu comecei a gravar novela também, os meninos estavam fazendo outras coisas… isso foi indo até os três chegarem a um acordo de data. Então comecei a estudar tudo, assisti duas montagens na Broadway… E hoje eu acho que a direção do Charles é muito mais emocional. A emoção ficou muito em primeiro plano na nossa montagem. Você percebe muito mais o texto do jeito que ele dirigiu. Ele fez muito mais dramático, mais engraçado e mais bonito. E ele costurou a peça toda com sapateado. Ficou linda! As pessoas saem felizes do teatro.

“A Mama Rose é meu diploma, minha pós-graduação”

A Mama Rose é um clássico da dramaturgia e um personagem ambicionado por grandes divas dos musicais…  Como você a encarou?
Ela é muito complexa. Outro dia eu fiquei pensando: ‘como que é essa mulher dentro de mim?’ O texto é tão bem articulado e arquitetado que você não precisa pensar muito, é só falar e sentir o que a frase te dá. É um personagem que já vem muito pronto. Ao mesmo tempo, você tem que se doar muito a ele, pois só é crível se você não ficar pensando muito e sim se jogar em cada frase. Até hoje eu estou descobrindo coisas. Eu mudo intenções… você vai descobrindo coisas, como algumas coisas funcionam… Então a Mama Rose me dá essa possibilidade. Ela é tragicômica, ela permite que você ouse. Por isso mesmo ela cansa, pois você sempre vai ao extremo em cada cena. Ela te pede isso. É uma mulher muito intensa. Então você tem que se doar. Se você fizer a meio palmo, não funciona. Tem que se entregar totalmente a ela. E as músicas servem muito bem ao texto. Por isso é considerado um clássico. É completo. Outro dia eu estava falando com o Charles e fiquei pensando: ‘e agora? O que vem depois de Mama Rose’? Além de ser a protagonista de um espetáculo desse porte, a personagem é muito boa. Ela permite a atriz trabalhar nela. A Mama Rose é meu diploma, minha pós-graduação.  Mas aí a responsabilidade vai aumentar… vai ter que ser um grande personagem… uma grande atuação. É uma cobrança que fazem em cima das ‘divas’. Eu não quero essa responsabilidade não (risos)
Foto: Robert Schwenck
O Sérgio Britto saiu do teatro encantado com a sua atuação. Cláudia Raia também. Como tem sido a reação dos amigos e colegas que vêm ver?
Tem muita gente me falando: ‘Ah, eu não sabia que você cantava assim etc.”. Eu sempre digo que não tinha tido uma personagem dessas, que você pudesse trabalhar tanto, se jogar… Os amigos estão bem impressionados. O Luiz Carlos Buruca, a Betina Vianny e a Dhu Moraes, por exemplo, que são muito meus amigos e com quem já trabalhei várias vezes, se surpreenderam. A Betina me disse: ‘Eu sabia que você poderia fazer, mas não sabia até onde você poderia ir. Você não tem noção do ponto que você está chegando’. Isso o Charles conseguiu tirar de mim muito fácil. Ele foi fundamental para tirar isso tudo de dentro de mim.
A crítica especializada também tem elogiado muito sua atuação…
A crítica foi bem simpática, bem bacana. Nunca recebi uma crítica desse porte. Nem quando fui a protagonista do ‘Cristal Bacharach’ tive algo parecido com isso. A crítica da Tânia Brandão me tocou muito, pois nunca havia lido uma crítica tão emocional, tão pessoal. A crítica dela foi uma coisa absurda! Como ela falou dela, do sentimento dela… Foi uma crítica pessoal e não técnica…
Você começou sua carreira em um musical, ‘Chorus Line’, e fez outros vários depois, mas não um desse porte. Como observa o grau de aperfeiçoamento do gênero no Brasil.
Sim, desse porte nunca tinha feito, com uma estrutura dessa. Nem mesmo com os meninos. É muito bom ver o profissionalismo que a gente está alcançando na área de musical no Brasil. Desde a luz, o som, a estrutura de produção: camareiros, direção de cena, direção de palco. No ‘Chorus Line’ tudo era muito primário. A gente nem usava microfone de lapela. Em ‘Gypsy’ tudo é muito mais profissional, desde o ensaio. Você já chega no ensaio sabendo o que vai fazer. No primeiro dia de leitura, o palco já estava demarcado com cenário, os figurinos já estavam desenhados… você já sabe tudo e isso te ajuda muito. Essa estrutura toda rende! É por isso que a gente conseguiu montar um espetáculo desse porte em dois meses. Só com essa estrutura se consegue isso. Não tem espaço para coisas amadoras. Não cabe aqui dentro. Então é muito bom fazer parte dessa estrutura. Fica tudo mais fácil para o ator.
E como é estar a frente desse elenco tão numeroso e complexo?
Aqui eu não havia trabalhado com quase ninguém, só com a Liane Maya e a Sheila Mattos. O elenco é de um profissionalismo maravilhoso. As crianças são super carinhosas. Eu nunca tinha contracenado com a Adriana, mas a gente fala a mesma língua desde o início. Ela foi meio que a idealizadora desse projeto. Nos ensaios nós passamos pelos mesmos sentimentos juntas: as duas estavam histéricas, nervosas (risos). A nossa ansiedade foi junta. A gente se ajuda muito em cena, é uma coisa muito bacana. Uma alimenta a outra.
De onde vem essa sua energia e vitalidade, que tanto impressionam as pessoas?
Eu tenho essa coisa meio mandona, como a Mama Rose. Sou muito mandona (risos). Acho que essa energia vem da minha mãe, que é uma pessoa que não para! Mas na vida sou preguiçosinha… Não lavo um prato, não arrumo cama… acho chato isso! Só tenho essa energia no trabalho! No trabalho eu tenho muita garra.
Este deve estar sendo um momento delicioso em sua vida e carreira…
É um momento ímpar. Não vou esquecer nunca. É um marco na minha carreira. É um upgrade total. As pessoas estão me vendo com outros olhos. Apesar de eu ter estado em palco a vida toda, muita gente me associa aos trabalhos que fiz na TV. Agora, com essa peça, mudou essa visão. Estão me vendo como outro tipo de atriz. Agora é curtir e fazer!
Adriana Garambone sobre Totia Meireles:
“A Totia é uma atriz que olha no olho. É da mesma filosofia que eu. Desde que o Claudio me falou pela primeira vez que seria a Totia eu achei maravilhoso! Eu falei: ‘Claro, Totia! Ela tem um temperamento ideal, ela vai fazer muito bem. A energia dela é muito boa. Ela não deixa a peteca cair. Eu sou muito preocupada com o ritmo. E sinto que a Totia tem isso também. Se ela fosse uma pessoa que tivesse problema com ritmo, essa peça iria durar cinco horas! É confortável contracenar com ela, é bom! E a gente tem um diálogo super saudável! É importante num trabalho como esse. A nossa troca muito boa!”
Os muitos momentos de Mama Rose:
Entrevista e fotos de cena e bastidores: Leo Ladeira / Fonte:Site Moeller Botelho

Comentários

Cíntia Jacinto disse…
*-* cada foto,que faz a gente se emocionaar !
MUUUUUUITO LINDA ♥
Anônimo disse…
o blog está lindo, bjs
Jô Craveiro disse…
Totia é megaaa linda, sem comentarios a ela....
Pois ella é tudãooooooo
Taiane Cecílio disse…
LINDAAAAA *------*
Merece todos os elogios do mundooo.
' Totia mt mt DIIIIIVA *-----------*
' LIIIIIIIIIINDA !
Bárbara Volpi disse…
Ela é muito tudo mesmo,né? *-*

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